Não se acende hoje a luz... Todo o luar
Fique lá fora. Bem parecidas
As estrelas miudinhas, dando no ar
As voltas dum cordão de margaridas!
Entram falenas meio entontecidas...
Lusco-fusco...Um morcego, a palpitar,
Passa...torna a passar...torna a passar...
As coisas têm o ar de adormecidas...
Mansinho... Roça os dedos plo teclado,
No vago arfar que tudo alteia e doira,
Alma, Sacrário de Almas, meu Amado!
E, enquanto o piano a doce queixa exala,
Divina e triste, a grande sombra loira,
Vem para mim da escuridão da sala...
Florbela Espanca
domingo, 25 de janeiro de 2009
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